O Livro de Jó foi desenvolvido com a perspectiva de aprofundar elementos vivenciados anteriormente e trazer ao núcleo novas diretrizes. Mantendo um processo a partir dos depoimentos pessoais dos atores, o universo temático sofreu uma verticalização nesta montagem. Porém, agora, colocou-se frente a uma dramaturgia mais formalizada trazendo para o grupo o universo da palavra. Se anteriormente a linguagem gestual era a nossa principal expressão das reflexões e vivências, agora a palavra começa a entrar no campo das preocupações; a exploração do movimento coral abre espaço para a construção de personagens; as experimentações corporais sobre as leis da física buscam transformar-se em treinamentos dos estados internos do ator.
Algumas questões se colocam diante de nós repentinamente. E estas questões, na medida em que é difícil manter-nos alheios a elas ou resolvê-las numa esfera estritamente individual, acabam por se tornar o motor da nossa criação artística.
Foi a partir destas constatações/inquietações que surgiu a idéia de encenar este texto bíblico num hospital. Espaço por excelência do “pathos”, do sofrimento, da iminência da morte, ele é uma espécie de lugar-tabu, de lugar-purgatório. Ali confinamos a morte, o enfrentamento da morte, e a constatação inapelável da vulnerabilidade e fragilidade humanas.
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