Concepção: Guilherme Bonfanti
Mediação: Grissel Piguillem (?)
Realização: SP Escola de Teatro e Teatro da Verigem
Este projeto tem por objetivo a realização do terceiro seminário de iluminação cênica de São Paulo, no dia 25 de novembro, que:
Nos anos de 2018 e 2019, ocorreram os dois primeiros Seminários de Iluminação Cênica do Teatro da Vertigem. Ambos tiveram formatos e dimensões distintas, mas possibilitaram encontros importantes para a reflexão crítica sobre o fazer da iluminação cênica na cidade de São Paulo e no Brasil. Assim, o evento espera se firmar no calendário da cidade como espaço de troca de saberes, de formação e de provocação.
Diante de todas as dificuldades enfrentadas pela Cultura em geral e, pelo teatro especificamente, entendemos ser fundamental dar continuidade ao seminário, criando uma data recorrente no calendário paulista, mesmo que, diante de tantas questões que nos atingem, isso signifique uma diminuição no tamanho. Somente assim poderemos fomentar o pensamento crítico acerca da iluminação cênica no Brasil. Apesar de alguns avanços consideráveis nas últimas décadas, com um crescente reconhecimento da luz enquanto linguagem artística e criativa no meio acadêmico, os materiais teóricos disponíveis no Brasil ainda são pouquíssimos diante da vasta produção teórico-literária da academia.
Espaços que fomentem a reflexão sobre a prática da iluminação cênica são cada vez mais necessários para dar conta de uma produção artística tão vasta e diversificada. Além disso, são poucos os light designers que buscam registrar e partilhar suas práticas, quanto mais desenvolver algum tipo de reflexão diante delas. Muitos dos materiais a que temos acesso são fruto do pensamento de teóricos e diretores, contribuições valiosas, mas marcadas por seus pontos de vista específicos. Desse modo, o seminário se faz fundamental para dar voz aqueles profissionais que pensam e produzem iluminação cênica a partir de sua prática.
O tema proposto para esse ano, “Espaço e Luz: Interações, Articulações e Fricções”, buscar olhar para as possíveis relações entre a iluminação e a espacialidade.
Nossa percepção visual do mundo é absolutamente dependente da luz. A forma como apreendemos e percebemos os espaços ao nosso redor, tanto objetivamente quanto subjetivamente, é intrinsicamente dependente da maneira como a luz incide sobre a superfícies, formas, texturas e cores dos objetos e, em seguida, é refletida em direção a nossos olhos. O processo perceptivo visual somente é possível a partir da interação entre as fontes luminosas, os materiais sobre os quais a luz incide e os aparelhos perceptivos biológicos do corpo humano. Assim, pensar a interação entre luz e os espaços que ela ilumina é fundamentalmente, pensar em processos físicos, químicos, fisiológicos e estéticos.
Ao longo da história do século XX, é muito presente, entre aqueles que discorreram sobre a linguagem da iluminação na cena, um olhar para as relações entre luz e espaço. Gordon Craig, em sua vasta obra, tece diversas considerações sobre o poder articulador da luz na cena. “A cena se volta para receber o jogo da luz”. Por cena, Craig fala não somente dos corpos, mas do espaço. Fundamentalmente, suas proposições falam de um espaço que se transforma e que é transformado pela luz.
Adolph Appia fala sobre a ideia de luz passiva e luz ativa. A segunda, seria responsável por “ativar a vida potente do próprio espaço, por seu movimento em cena, sua cor, por seu contraste com a sombra, sempre em relação com o espaço, seus objetos, atores, etc.; ela, portanto, age no espaço no sentido de determinar como ele é visto mais do que de apenas torná-lo visível, atendendo à funcionalidade da visualidade” (BERILO).
No trabalho de Josef Svoboda, cenógrafo tcheco, a relação entre cenografia e luz é indissociável, chegando o mesmo a criar uma série de equipamentos e dispositivos luminosos para criação de efeitos diversos. Cena, cenografia e luz não são criadas de forma dissociada.
O iluminador Stanley McCandless, cujo trabalho na primeira metade do século XX traçou as bases de como pensamos a iluminação cênica até os dias de hoje, aborda em seu método como uma discussão sobre equipamentos e seus usos seria totalmente incompleta sem levar em consideração os objetos e superfícies que a luz faz visível para o público. Cenário, figurinos e maquiagem poderiam inclusive ser pensados, por quem cria iluminação, como dispositivos de iluminação secundários, visto que a luz somente se faz visível a partir do momento que incide sobre uma superfície e é refletida em direção ao olho. McCandless aponta para como a cenografia (e o espaço) é elemento fundamental no processo de criação de um projeto de iluminação.
Outro olhar possível para as diferentes interações entre espacialidade e luz é através do trabalho de artistas ligados ao campo das artes visuais, como Lucia Koch, Olafur Eliasson, Carlos Cruz-Diez, Julio Le Parc, James Turrel. Apesar de muito distintos, seus trabalhos lidam diretamente com a luz enquanto elemento provocador e transformador do espaço e da percepção daqueles que ocupam este espaço.
Local: SP Escola de Teatro
Sede Brás: Avenida Rangel Pestana, 2401 (Metro Bresser ou Brás)
Horários:
Mesa de discussão: das 09:00hs as 13:00hs
Entrada Livre
Workshop: das 14:30hs as 18:30hs
25 vagas
Inscrições no período da manhã
Download do projeto
Recent Comments
Leave a comment