Uma vez que você percebe que alguma coisa está diferente no espaço você começa a procurar o que está modificado, logo você percebe a alteração de cor, muitas vezes o chão é a primeira percepção, você levanta a cabeça e começa a buscar outras cores e vê, o horizonte, a paisagem, o Largo da Batata, em sucessão de conjuntos de luzes alteradas, se você entra no jogo encontra dois pontos de um mesmo lugar, a experiência lhe faz descobrir o que não conhecia antes e apenas pela alteração da percepção do olhar uma janela relacional se abre com o espaço.
Fruto da sobreposição de diversas camadas históricas e da sucessão de transformações urbanas o Largo da Batata é hoje um espaço fragmentado. Não possui uma forma definida, é um local de passagem, de usos imprecisos, repleto de obstáculos visuais e físicos, recortado pelo trânsito de pessoas e por elementos urbanos implantados aleatoriamente.
A proposta do trabalho surge neste contexto, criando um parênteses no cotidiano do Largo da Batata, intervindo diretamente sobre seu tecido com o caráter de ensaio, denotamos uma possibilidade, uma intenção de projeto, especializando o desejo de unificação do território a partir de uma fenda de ruptura na normalidade do largo sem atuar tectonicamente sobre ele, mas conformando-o enquanto espaço constituído através da luz e da cor, elementos presentes e/ou ausentes das percepções cotidianas, mas operantes de várias formas no espaço urbano.
A luz da concepção das traquitanas desenvolvidas por Guilherme Bonfanti para a peça “Bom Retiro 958”, construímos 20 suportes simples para acolher filtros de cor purpura 49#, usados em iluminação de teatro, e os instalamos num eixo de poste públicos do Largo da Batata. A conexão surge a partir da luz e a através da cor; uma atmosfera e uma linha na paisagem, conectando a Igreja Nossa Senhora do Monte Serrat até o Mercado de Pinheiros, elementos fundamentais que reforçam e definem o território do Largo da Batata.
A cidade pra nós é entendida como uma obra de arte coletiva da qual deve haver aproximação de ocupação de seus espaços como lugar lúdico e aberto para a apropriação das pessoas que o habitam e o qualificavam. Consolidando as camadas tectônicas do tecido urbano, que e em si contam sua história como ocupação humana do ponto de vista antropológico demarcando. Significando e revalidando seu caráter de lugar no espaço e tempo, para obter não só valor mercadológico, mas simbólico social humano. Onde as marcas do uso e da ocupação do território são os elementos conformativos, formais e funcionais, atuantes no presente e não na projeção de utopia futura, lançando mão da orquestração dos fenômenos efêmeros correntes nas dinâmicas das cidades, para despertar a atenção e modificar o olhar sobre a vida cotidiana.
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